Porque é que continuamos a defender as ideias do passado, mesmo perante a evidência de que estamos errados? Porque é que é tão difícil mudar de rumo e viver com as pesadas consequências de decisões anteriores que já não nos servem?
Viés de compromisso ou escalada de compromisso. O nome dado por Barry M. Staw a este padrão de comportamento em que perante resultados crescentemente negativos decorrentes de uma decisão, ação ou investimento passados, decidimos manter o comportamento em vez de alterar o rumo.
Infelizmente, os padrões do passado nem sempre se aplicam ao futuro. É frequente usarmos soluções do passado para resolver problemas atuais. E esta fórmula, pode tornar-se obsoleta. Se não estivermos atentos, vamos insistir e continuar a procurar evidências de algo que já não nos serve.
É ainda frequente alterarmos os factos para mantermos a nossa opinião. A história da humanidade está recheada de exemplos disto. Os eventos do passado, principalmente associados a figuras históricas ou religiosas de relevo, são constantemente reescritos para dar relevância ao que verdadeiramente interessa. Quem conta um conto acrescenta um ponto. É efetivamente a nossa história.
"Liderar com curiosidade e não com convicção." É uma das sugestões de Adam Grant no seu livro Think Again após um estudo que envolveu mais de 2.000 participantes a fazer mais de 20.000 previsões. Os melhores previsores, divertem-se a repensar os seus pontos de vista - vêem esta atitude como uma oportunidade para descoberta. Um deles refere que o seu objetivo foi testar as suas crenças e suposições e não validá-las. Não estava focado em provar que estava certo. Mas sim em esperar que pudesse estar menos errado.
No nosso dia a dia, procuramos constantemente validar aquilo em que acreditamos, procurando evidências para provar que estamos certos - chama-se a isto viés de confirmação. Algo que é muito fácil de fazer. Conseguimos sempre encontrar sinais, confirmações ou evidências de tudo em que acreditamos fervorosamente. O facto de acreditarmos, não transforma essa crença numa verdade. O nosso grau de convicção pessoal sobre um tema, não tem qualquer relação com o quanto é verdade no mundo exterior.
Embrenhamo-nos num sistema de crença circular, ou seja, acreditamos tão fortemente em alguma coisa, que toda a evidência que não suporta essa coisa é ignorada. Da mesma forma, ampliamos e damos atenção a todos os eventos que se encaixam nessa coisa.
Todos passamos por isto. Como quando se engravida ou compra um carro novo e de repente, a rua está cheia de mulheres grávidas (que não existiam antes) ou de carros iguais ao meu.
Aprendemos a mitologia Grega e toda a história do Catolicismo. Porque não falar-se em mitologia Católica a par da Grega? Será este um caso de viés de expectativa ou de confirmação? E será que acreditar em Deus não é mais do que uma crença tal como acreditar no monstro de Loch Ness, Poseidon ou em qualquer outra coisa que alguém possa considerar improvável? Como a ressurreição de Jesus Cristo. Aliás se não fosse por isso, esta doutrina que dura há 2 milénios e que condicionou toda a história da humanidade, nunca teria sobrevivido, como tão ironicamente refere o polémico Derren Brown no seu livro Tricks of the Mind.
Não estou com isto a fazer um ataque a religiões ou à mitologia, seja qual for a sua origem. Considero que a maior parte dos seres humanos precisam destas forças para alimentar a nossa espiritualidade. Há muitas pessoas que são substancialmente melhores devido a estas crenças. Graças a Deus!
Estou sim a querer dizer que podemos ser crentes fervorosos em qualquer coisa. Até num partido político ou clube de futebol. Quando são crenças incondicionais, limitam o nosso crescimento. Tornam-nos fundamentalistas. Tudo o que existe fora dessas crenças, passa a ser encarado como estranho ou anormal.
Quanto maior for a nossa comunidade de crença, mais reforço e evidência vamos encontrar para estarmos certos. E este é o perigo. Deixamos de questionar. Não abrirmos espaço para repensar e absorver outras perspetivas. Passamos a vida a provar que estamos certos, em vez de ativarmos a curiosidade que nos permita compreender o mundo com outras lentes.
O meu desafio para si é arriscar questionar as suas crenças mais profundas. Se só esta ideia lhe causa desconforto, é sinal que está estagnado em crenças circulares. Que até poderiam ser enriquecidas se arriscasse olhar para o mundo com outras lentes que não as suas.
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Sabe que tenho uma Newsletter semanal chamada Conversas com o Medo ? Convido-o a Subscrever se considerar que (re)aprender a relação com o medo é algo do seu interesse.
Obrigada e até já!
Gostei muito de ler a tuas publicação obrigada beijinhos
ResponderEliminarObrigada pelo feedback!
EliminarGostei da reflexão. Bj
ResponderEliminarObrigada pelo feedback Luisa.
EliminarEstou adorando ler seus textos ,me inspiram para ser uma pessoa mais corajosa. O medo muitas vezes me bloqueia. Admiro sua força e empolgação !
ResponderEliminarMuito obrigada pelo feedback! Grata por saber que a estou a ajudar a ser mais corajosa ;) Continue a praticar! Um abraço
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