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Mensagens

A mostrar mensagens de outubro, 2021

25. CERVEJA E A NOITE DAS BRUXAS

Reza a lenda que algures na Alemanha há umas largas centenas de anos, as mulheres inventaram a cerveja. Enquanto cuidadoras do lar e fazedoras de pão, mantinham os cereais armazenados para o uso culinário. E foi a fermentação dos grãos de cevada que levou essas mulheres a pensarem no reaproveitamento deste cereal para outro fim que não o pão. O empreendedorismo foi o passo seguinte. E as mulheres começaram a vender este néctar tão apreciado e cobiçado para trazer mais uns tostões para o sustento da família. Como era necessário manter a cevada longe dos ratos, nada como encher a casa de gatos. A vassoura, colocada à porta de casa, permitia sinalizar que a bebida estava disponível para ser comprada. Encontrar as mulheres cervejeiras no mercado não era difícil: elas usavam chapéus grandes e pontiagudos para serem reconhecidas pelos clientes. E geralmente estavam diante de grandes caldeirões, onde o líquido era produzido. Os monges atentos, não perderam tempo. E sem demora, demonizaram est

24. O ELEFANTE NA SALA

  " Vou-te contar uma coisa. É mesmo importante só tu é que podes saber. Tenho isto aqui atravessado e preciso mesmo desabafar contigo. "  E sem saberes como nem porquê, ficas com uma bomba ou uma prenda nas mãos. Os segredos ocupam mais espaço do que o pensamento. Assemelham-se a balões cheios que podem rebentar com um movimento brusco. E enquanto estão cheios, não libertam espaço para os outros processos do nosso discurso interno. Porque tudo passa a girar à volta desse frágil balão. Com o passar do tempo os segredos perdem a tonicidade, o balão murcha e o ar acaba inevitavelmente por sair. Sem o esplendor do balão cheio quando esvazia e recheado de nada quando o seu ar já se esgotou.  Nas famílias, organizações ou em qualquer grupo de pessoas que convivem regularmente, o segredo segmenta. Separa os bons dos maus, os informados dos ignorantes, os mais dos menos.  Há pessoas que adoram segredos. De tal forma que quando eles não existem, cultivam-nos. Acarinham-nos e ajudam-n

23. PELA BOCA MORRE O PEIXE

  "Não posso. Não consigo. Tenho que..."  Expressões que abundam o nosso discurso interno. Para as coisas mais triviais da vida - "Tenho que colocar o lixo no contentor"  - e para as coisas mais complexas - "Não posso continuar a perder as estribeiras quando falo com o João." Quando usamos estas expressões, parece que estamos a identificar objetivos e a definir prioridades. Ter de, precisar de, necessitar de alguma coisa, sinaliza necessidades e coloca um sentido de obrigação que pode ter um efeito perverso. Quando confundimos tarefas triviais e obrigações com necessidades, podemos estar a contar mentiras a nós próprios. As necessidades são coisas sem as quais não conseguimos sobreviver - respirar, dormir, comer, conectar. E as tarefas ou ações na nossa lista, podem ser percepcionadas como obrigações, mas dificilmente são necessidades. O caminho alternativo, poderá ser pararmos de nos pressionar com coisas que achamos fundamentais para a nossa sobrevivênci

22. MINHAS QUERIDAS E MEUS QUERIDOS; ESTA NÃO É UMA MENSAGEM DE AMOR.

  "Minha querida Maria, quantas vezes tenho que te explicar que não é assim que se fazem as coisas? Já tivemos esta conversa milhares de vezes..." Ouves esta frase. Mais vezes do que gostarias. E no hábito que se transformou numa rotina, continuas a achar que há algo que não bate certo. O que é que existe de profundamente dissonante nesta mensagem? A frase começa com minha querida - palavras de amor, apreço, colo - e o que vem a seguir, é como uma palmada no rabo. À moda antiga. Uma tareia de incompetência e incompreensão, regada de sentimentos de irritação, frustração e impaciência. Que o teu interlocutor te oferece como se de um abraço se tratasse. E tu voltas a ter 5 anos. Sentas-te no lugar da criança inexperiente e ignorante que já fez mais uma asneira.  Juntar estes dois significados na mesma frase, não só confunde a mensagem como é uma das formas mais frequentes de agressividade passiva. E provavelmente das mais impactantes negativamente não pela gravidade, mas pela f